sexta-feira, 9 de junho de 2017

De integração à inclusão


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A imprecisão conceitual sobre integração e inclusão, às vezes empregadas com o mesmo significado, às vezes colocadas em oposição ou superação da integração pela inclusão. Dentre outras conseqüências, tal definição contribui para uma visão entre defensores da integração e da inclusão, como se o próprio sentido de educação já não fosse a busca de integração ou inclusão social. Mais ainda, como salienta Glat (1997), a integração não pode ser vista simplesmente como um problema de políticas educacionais ou de modificações pedagógica – curriculares na Educação Especial. “Integração e um processo subjetivo e inter- relacional”.(Glat 1997, p 199)
Segundo Sassaki (1997), a integração e a inclusão são dois processos muito importantes na busca de uma sociedade inclusiva. Princípio este que leva implícito o conceito de normalidade, destacando que a normalidade é um conceito relativo sujeito a critérios de tipo estatístico.
O que hoje é normal pode não ter sido ontem e não sabemos como será amanhã. O que aqui é normal pode ser anormal em outro lugar ou vice-versa. De tal maneira que o normal não se encontram dentro da pessoa, mas fora dela é aquilo que os outros percebem nas pessoas.(SASSAKI, 1997, p 43)
Normalizar uma pessoa não significa torná-la normal, mas sim dar a ela o direito de ser diferente e de ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade. É aceitá-los tal com são, oferecendo os serviços pertinentes para que os mesmos possam desenvolver suas potencialidades e viver uma vida tão normal quanto possível.
É preciso que estas pessoas vivam com independência e liberdade.
… Ter oportunidades para tomar decisões que afetam a própria vida, realizar atividades de própria escolha. Vida independente tem a ver com a auto- determinação. É com direto e a oportunidade para seguir um determinado caminho. E significa ter a liberdade de falhar e aprender das próprias falhas, tal qual pessoas não deficientes. (SASSAKI,1997, pg 32)
Conforme o autor o estilo de vida independente é fundamental para que aconteça a inclusão do indivíduo na sociedade e para que aconteça tal normalização, ou seja ele terá vida independente exercendo a cidadania, sendo ele ativo e atuando como cidadão.
Cabe ressaltar que a integração, no entanto, ocorre automaticamente quando o deficiente começa a freqüentar a sociedade e ela então se acostumaria com a presença dessa pessoa descobrindo que eles são pessoas com potencialidade iguais a qualquer um. É isto que se espera com a integração, mas o que na verdade não vem acontecendo.
Segundo Mantoan (1997), a integração dos deficientes como membros úteis e adaptados ao meio em que vivem parece ser um ponto crucial na consideração da problemática da excepcionalidade, no seu todo. Observando o modo pelo qual as instituições concebam e atuam face à deficiência, percebendo na grande contradição entre meta final do que se dedicam a causa a integração social em todos os níveis e os recursos utilizados a sua consecução.
Porém o fracasso da tal integração se deve em parte à própria falta de experiência dos deficientes, que mesmo inseridos na comunidade ainda não se tornaram pessoas mais interessantes ou seja interessadas na vida social e no convívio com outras pessoas.
De acordo com autora Glat (1998), integração/inclusão é como amor acontece ou não. Você não pode desenvolver um programa que faça com que duas pessoas se apaixonem uma pela outra. Você pode no máximo programar uma série de atitudes, comportamentos e situações que aumentem a probabilidade do amor acontecer.
Assim a integração tem como objetivo maior proporcionar ao indivíduo um ambiente menos restrito possível porque ninguém aprende quando não tem a liberdade e não se vê valorizado globalmente.
Observa-se na verdade que atualmente a integração tem sido apenas integrar a pessoa na sociedade sem dar a ela condições de estar atuando e se desenvolvendo.
Já a inclusão tem por objetivo incluir o deficiente ou um grupo que anteriormente foram excluídos da convivência com os demais ou seja segundo Werneck (1997) ”incluir é humanizar caminhos”.
O mais polêmico de todos os princípios da inclusão é ser ela incondicional. Este é um ponto que vem perturbando e desconcertando pais e profissionais da educação.
Enquanto se fala na integração de uma criança com deficiência leve e moderada na escola regular tudo bem, mas quando se trata de incluir um adolescente com comprometimentos múltiplos e severos, aí vem a desculpa de que este caso é um caso a parte, uma exceção.
Analisando esta maneira de pensar não existe a devida inclusão, pois a inclusão não admite exceções, não separa, não existe diferenças.
Desta forma a escola é a instituição que deve dar o começo de tudo, pois acredito que se ela não alterar seus princípios jamais teremos uma sociedade inclusiva. Cabe a escola dar o ponto de partida para que outras inclusões ocorram.
A inclusão, portanto, causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos como professores, alunos, pessoal administrativo e para que obtenham sucesso na corrente educativa geral e preciso que todos estejam envolvidos.
Para Mantoan (1997) a metáfora inclusão é a do caleidoscópio, ou seja, precisa de todas os pedaços para formar as figuras. Portanto assim é a criança que precisa de um ambiente variado, de ajuda de todos para que se desenvolva e consiga atuar dentro de uma sociedade sem limitações.
A autora Werneck (1997) destaca que: “Incluir não é favor, mas troca. Quem sai ganhando nesta troca são todos nós em igual medida. Conviver com as diferenças humanas é direito do pequeno cidadão, deficiente ou não..” (p.58)
Para ela incluir é uma forma de acabar com o preconceito, e isto, no entanto, pode ser começado nas escolas, cursos e universidades que formam professores, conscientes de que alunos deficientes são responsabilidades de todos os educadores e não apenas do profissional que se interessa por educação especial.
Para Werneck (1997), chegar a inclusão e um processo individual e, portanto para muitos solitário, pois todo processo de busca de conhecimento é solitário e doloroso. Mesmo quando duas pessoas tenham passado por situações idênticas e obtido informações sobre determinado assunto, jamais estaria no mesmo patamar de conhecimento ou se igualando.
Diante disto temos que mudar nossos conceitos, caso contrário, caminharemos com tartarugas em busca da tal inclusão.
Cabe a escola preparar a criança para a cidadania, isto inclui orientá-lo para valorizar a particularidade de seu povo.
Assim, se privarmos crianças normais de seus pares deficientes, estaremos tirando de todos a chance de trabalharem na construção de sua cidadania.
Para entendemos melhor o termo inclusão é necessário reatar os princípios deste termo e as leis que asseguram a inclusão.
Para Sassaki (1997), tanto a integração como a inclusão constituem formas de inserção. A parte da integração, principalmente nos anos sessenta e setenta estava baseada no modelo médico da deficiência, segundo qual tínhamos que modificar a (habilitar, reabilitar) a pessoa com deficiência para torná-la apta a satisfazer os padrões da sociedade, aceitos no meio social (familiar escolar, recreativo e ambiental).
Já a prática da inclusão consolidada nos anos 90, vem seguindo o modelo social da deficiência segundo a tarefa consistia em modificar a sociedade e não o deficiente para torná-los capazes de receber todas as pessoas que incluídas nela, poderão ter suas necessidades atendidas.
Na visão de Mantoan (1997), a noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, quando aplicada a escola. Os diversos significados que lhe são atribuídos devem- se ao uso do termo para expressar fins diferentes, sejam eles pedagógicos , sociais, filosóficos e outros.
Uma outra opção de inserção segundo a autora e a inclusão, que questiona as políticas e a organização da educação especial e regular. A noção da inclusão institui a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O vocabulário integração é abandonado uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos.
Portanto, quando empregamos a palavra inclusão estamos nos referindo a uma inserção total e incondicional. Por outro lado, quando usamos a palavra integração queremos dar a idéia de que a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de cada pessoa.
A inclusão exige uma transformação da sociedade, da escola, pois defende a inserção no ensino regular de alunos com qualquer deficiência, exigindo mudanças no sistema educacional cabendo a escola, a sociedade adaptar-se às suas necessidades e não os alunos se adaptarem ao modelo exigido.
Para melhor clarificar este termo polêmico que e a inclusão é necessário conhecer um pouco mais da historia da educação especial, como tudo se iniciou e das leis que surgiram para assegurar uma educação inclusiva, suas controvérsias.










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