A Inclusão Escolar na Prática Educativa
A inclusão escolar tem sido um dos grandes desafios para os professores, especialmente aos que trabalham com o 1º ciclo ou séries iniciais. Estes têm a difícil tarefa de iniciar o trabalho de construção das habilidades básicas para o processo de aprendizagem poder evoluir.
Como professoras, podemos dizer que incluir esses alunos em sala de aula muitas vezes torna-se difícil, e até praticamente impossível, pois os próprios colegas não aceitam o diferente, e acabam por excluir essa criança. Outro aspecto é a dificuldade do professor em lidar com essa criança. O caso, por exemplo, de um hiperativo com problemas neurológicos que surta, bate nos colegas, foge da sala de aula, etc.: coloca-nos a questão de o que fazer com ele, já que o professor não pode deixar os outros alunos sozinhos para sair correndo atrás de apenas um. Para tal questionamento Mantoam (2003, p. 131) observa:
A presença de professores especialmente destacados para acompanhar o aluno com deficiência nas atividades de sala de aula, servindo como apoio ou mesmo respondendo diretamente pela inserção desse aluno no meio escolar, é uma alternativa de inserção que vem sendo freqüentemente utilizada pelos sistemas organizacionais de ensino em todo o mundo. A nosso ver, essa alternativa constitui mais uma barreira à inclusão. Pois é uma solução que exclui, que segrega e desqualifica o professor responsável pela turma e que acomoda, não provocando mudanças na sua maneira de atuar, uma vez que as necessidades educativas do aluno estão sendo supridas pelo educador especializado.
Concordamos totalmente com a autora citada, pois a grande maioria dos professores apenas lava as suas mãos quanto à educação dessas crianças, deixando-as a cargo da estagiária, que tem que criar alternativas de adaptação dos conteúdos, elaborar atividades e conter estas crianças de todas as formas, para que não atrapalhe a aula dos demais colegas. Cremos que isso não seja realmente inclusão e sim uma implícita exclusão dessa criança.
Não basta deixar os estudantes nas escolas e nas classes regulares, é preciso desenvolver e implementar sistemas de suportes necessários para satisfazer as suas necessidades salienta Fonseca (2003, p.106).
Por outro lado à falda de estrutura como deficiência de recursos humanos e ausência de profissionais específicos para atenderem as diferentes demandas da inclusão, assim como o fato de os locais públicos, como, por exemplo, os que disponibilizam psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, etc. estarem lotados ou com longas filas de espera (Cadernos FAPA, 2005, p.11).
Segundo Mantoan (2003, p. 59), para que realmente se faça a inclusão escolar, é necessário transformar a escola, reestruturá-la em novos moldes, é preciso mudar a escola e, mais precisamente, o ensino nela ministrado. Pensamos que o professor que trabalha com alunos portadores de necessidades especiais tem que ter em mente que o processo de ensino e de aprendizagem vai ser lento, e, sempre que possível, deve-se elevar a auto-estima dessa criança, sempre salientando todos os seus progressos, e não só os seus erros. Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um. (MANTOAN, 2003, p. 67).
A nosso ver, o professor não pode esperar que um aluno, por exemplo, com síndrome de Down, se alfabetize em apenas um ano; talvez precise mais tempo que os outros. Outro aspecto que Mantoan (2003, p.65) destaca e que
Consideramos ser relevante para construir-se uma escola inclusiva é a proposta de ensino, ou seja, sua concepção de ensino e de aprendizagem. Uma escola tradicional terá que reorganizar toda a sua proposta pedagógica para se adequar ao aluno especial, e isso não envolve apenas uma proposta escrita, e sim uma mudança internalizada de rupturas, de paradigmas envolvendo todos os profissionais da escola:
Cardoso, (2003, p. 143) salienta que:
A inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular, como caminho fundamental para se atingir a inclusão social, constitui uma meta, neste novo século, cada vez mais firme, nos diferentes sistemas educativos, nos quais se pretende educar alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular. Isto pressupõe que é o sistema educacional como um todo que assume a responsabilidade de Educação e não uma parte dele, a Educação Especial.
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