terça-feira, 11 de abril de 2017

RELATÓRIO - PRATICAS PEDAGÓGICA : Educação Infantil



http://quem-e-voce-professor.blogspot.com.br/2015/01/relatorio-praticas-pedagogicas-educacao.html



ACHEI SUPER INTERESSANTE ESSE TEXTO MOSTRANDO COMO É AS PRATICAS PEDAGÓGICAS. 

Leiam :


O objetivo deste trabalho é montar um relatório baseado em vinte e cinco questões do roteiro das Observações – Práticas Pedagógicas. As respostas têm o embasamento teórico do livro trabalhado nas aulas de Seminário Integrado “Educação Infantil pra que te quero?”

 Nas observações realizadas foi constatado que a Instituição tem nove turmas, sendo elas seis de creche e três de pré-escola. Suas faixas etárias, são: BI – de 3 meses a 1 ano, BII – de 1 ano a 2 anos, Maternais – de 2 a 3 anos de idade, Inter – de 3 anos e meio a 4 anos de idade, Jardim I – de 4 a 5 anos e 3 meses, e por fim, Jardim II-  de 5 a 6 anos e um mês.
Devido ao pouco tempo de observações feitas: 3 horas em cada turma da etapa creche e 3 horas e 45 minutos em cada turma da etapa pré-escola, não foi constatado as principais características da mesma na perspectiva Sociointeracionista. Porém segundo o livro “Educação Infantil pra que te quero?” as teorias sociointeracionistas concebem portanto através do contado com seu próprio corpo, com as coisas do seu ambiente, bem como como através da interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a sensibilidade e a autoestima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem. A articulação entre os diversos níveis de desenvolvimento (motor, afetivo e cognitivo) não se dá de forma isolada, mas sim de forma simultânea e integrada.
 A estrutura física das salas de aula não seguiam bem um padrão, porém praticamente todas as salas de aula tinham: banheiro separado para a turma, estantes, almofadas, lugar para pendurar as mochilas, trocador, colchões, tapetes para sentar, tapetes de quebra cabeça que eram feitos de eva, na turma do berçário tinha berço, lugar reparado para a turma comer e uma cozinha só para eles (um fato curioso é que na turma do BI tinha uma janela pro lado da turma BII, onde as professoras podiam compartilhar jogos pedagógicos, rádio e outras coisas) algumas turmas tinham varanda, televisão, em algumas salas de aula havia brinquedos como teclados e telefones e no Jardim II havia o “lugar da secretária” onde as crianças podiam brincar com um computador e com um telefone, na turma do MI por exemplo, havia mesas, ventilador, ar condicionado, na sala do Jardim I havia penteadeira, espelho, mesinha, sofá, estante com caixas e nomes de cada criança, saquinhos para pendurar livros e entre outros.
Algo bem interessante que foi constatado durante as observações é que as turmas do Intermediário até o Jardim III, têm nomes como: Amigos da fazendo, As quatro estações, Os abelhinhas e etc. Onde cada uma dessas salas tem decorações que representam o nome da turma. A decoração da turma “As quatro estações” tinha em cada canto da sala alguma coisa que representasse as quatro estações como: verão desenhos de praia, outono um tronco de arvore e folhas secas, primavera flores, inverno o desenho de um boneco de neve e flocos de neve e em meio a isso havia vários cartazes como ajudante do dia, combinações da turma, como foi o meu dia, calendário 2014, como está o tempo, combinações da turma e etc. Outra sala tinha uma decoração bem bonita feita com materiais recicláveis, cds com eva viravam vários animais, rolos de papel higiênico viravam uma arvore enorme numa parede da sala.
A respeito da segurança, as salas tinham portão na frente das portas e da varanda e protetor nas tomadas.
Os materiais pedagógicos da sala de aula estão disponíveis a manuseios dos alunos nas atividades livres e algumas professoras tem planejamentos de qual brinquedo pedagógico é usado em qual determinado dia da semana. Sendo eles: peças de encaixe, lego, peças de madeira, sucata e entre outros.
A rotina diária das turmas da etapa da creche é: 6h15 às 7h20: chegada das crianças até a escola. Elas podem brincar com peças de encaixe, quem quiser dormir a professora deve botar o colchão. Anotar recados. Retirar da mochila os remédios e identificar. Tomar água e ir ao banheiro.
7h: Acordar quem dormiu, arrumar as crianças e deixar elas brincar.
7h15:  A professora titular chega, pergunta como estão, faz continuação das atividades. Organizam a sala.
7h20 até às 7h50: Guardam os brinquedos para olhar dvd.
7h50 às 8h20: As crianças fazem fila e vão para o refeitório tomar o café da manhã. Uma auxiliar serve a comida e a outra o leite. As crianças menores tomam mamadeira. E as crianças do BI fazem suas refeições dentro da sala de aula, já que tem um espaço para comer e uma cozinha somente para eles. Depois disso as crianças fazem sua higiene pessoal. As crianças maiores vão ao banheiro e escovam os dentes. E os bebês trocam as fraldas.
8h20 às 9h: As professoras fazem as atividades que elas planejam. Sentam em roda, conversam sobre o dia, o que vão fazer, o que fizeram enquanto estavam fora da escolinha e cantam.
9h: Hora do lanche.
Após isso fazem atividades projetos.
10:25: As crianças fazem fila, lavam as mãos e vão até o refeitório para almoçar. Após isso vão para o banheiro lavam as mãos, escovam os dentes, fazem suas necessidades, quem quiser pode tomar água, tiram os sapatos, o professor dá a chupeta e o paninho pra quem precisar. Ajeita os colchões cobertas e travesseiros e ajuda eles a dormirem.
13h às 13h30: Hora de acordar, guardar seus cobertores e travesseiros, vão ao banheiro, tomam água, ajeitam as crianças. Brincam com algum jogo pedagógico como peças de encaixe.
13h30 às 14h: Fazem o lanche e a higiene.
 14h às 14h30: Conversam sobre o que vão fazer à tarde, cantam.
14h30 às 15:30: Atividade de planejamento
15h30 às 16h: Brincadeira livre mas onde a criança pegar o brinquedo deverá guardar.
16h às 16h20: As crianças fazem fila, lavam as mãos se direcionam até o refeitório. Jantam. Após isso, vão ao banheiro, lavam as mãos, escovam os dentes, fazem suas necessidades, quem quiser pode tomar água. É trocado a fralde de quem usa, Arrumam os cabelos. E voltam até a sala de aula.
16h20 até as 18h: atividades projetos. Após isso os pais começam a vir buscar seus filhos. E é nesse momento onde os professores devem informar para os pais tudo o que ocorreu com a criança durante o período em que ela se encontra na instituição.
A rotina diária das etapas pré-escola é:
06h15: A auxiliar chega na instituição acende as luzes, abre as janelas, põem alguns colchões e travesseiros no chão e liga o dvd. A mesma recepcionara as crianças e os pais com carinho e atenção dando bom dia, beijos e abraços. Sem esquecer de perguntar dos remédios. Enquanto os alunos vão chegando a auxiliar vai acomodando eles para assistir tv ou brinca com eles.
7h: Organizar a sala e fazer fila para ir tomar o café da manhã. Algumas turmas cantam a musica “guarda-guarda” na hora de guardar os brinquedos
7h30: Café da manhã. Na hora da fila algumas turmas cantam sempre um musica diferente “história da serpente” “eu vou andar de trem” e quando chegam ao refeitório rezam a oração “papai do céu”. Depois vão ao banheiro escovar os dentes, lavar o rosto, fazer suas necessidades e depois tomam água.
8h: Rodinha da conversa, as crianças falam o que fizeram enquanto estiveram fora da escolinha. Depois cantam alguma música, ou fazem alguma brincadeira de roda e então fazem as combinações do dia.
8h30: Projeto
9h: Lanche
9h e 15: Brincadeira dirigida
10h: Brincadeira livre
10h e 50: Organização para o almoço. Ao chegar no refeitório as 11h farão a oração “papai do céu seja nosso convidado”. A educadora incentivará a provarem as comidas. Depois fazem a higiene, escovam os dentes, lavam o rosto, fazem xixi.
11h20: Hora de dormir
13h: Hora de acordar
13h e 45: Lanche
14h e 15: projeto
15h e 15: projeto
16h: Brincadeira livre e planejamento
16h30: Higiene e fila para a janta.
16h40: Janta
17h: Saída, os pais são informados sobre tudo que aconteceu com a criança no dia, o que fizeram e etc. Também faz o registro nos cadernos das crianças ou no portfólio do aluno. Despedem-se da criança dando abraços, beijos e falando boa noite. Fechar janelas e portas antes de ir embora.
Além disso, a Instituição dispõe de um cronograma para usar o parquinho e também a cama elástica.



Pracinha:
              Segunda         Terça         Quarta       Quinta       Sexta
Manhã:  Jardim I         Mater I      BII             Jardim III  Jardim II
              BI                                                Mater II
Tarde:   Mater II Jardim III  Jardim II    Mater I      BII
                                                                           Jardim I

Cama elástica:
            Segunda           Terça         Quarta       Quinta       Sexta
Manhã:   BI                 Mat. I         BII             Jardim I     Jardim III
Tarde:    BII                 Mater II     Inter           Jardim II

Como já deu para perceber o aluno tem sim em sua rotina diária o momento do brinquedo livre na sala de aula ou na pracinha. Nesse momento as professoras interagem com as crianças nas atividades observando-as. Após isso procura através da observação, descobrir as necessidades e os desejos implícitos na brincadeira. E por fim ser mediador das relações que se estabelecem e das situações surgidas.
 As brincadeiras livres dão ao aluno a liberdade de criação no qual as crianças expressam suas emoções, sensações e pensamentos sobre o mundo e também um espaço de interação consigo mesmo e com os outros. Alguns exemplos:
# Peças de montar viram comidas de piquenique e viram pedras dentro de uma caçamba de brinquedo. (Maternal I).
# Uma jarrinha e uma panela de brinquedo (que vira uma xícara) são botadas na boca como se fosse algo para beber. (BI)
# Peças de montar que formão um círculo vira um volante de carro e as mesmas peças, quando feito um quadrado viram maquiagem. (Inter)
# Areia vira bolo e graveto vela. As crianças cantavam parabéns em volta dele e assopravam a “vela”. (Jardim I)
# Areia vira bolo e as crianças dizem até o sabor: “este é de chocolate, abacaxi...” (Jardim II)
# Peças de montar viram maquiagem, duas meninas sentam atrás de uma mesa com as peças em cima, como se fossem vendedoras. As pecinhas viram blush e cremes de massagear o rosto e quando as passam no rosto, logo após passam a mão e gritam: “funciona!!!”. Com as mesmas peças um menino monta um celular e um tablet e fala: “olha prof um celular e um tablete!” e começa a fingir que está mexendo em algum aparelho touch screen. Seu colega então bota o “telefone” no ouvido e começa a conversar. (Jardim III)
# Um tubo de xampu e um medidor viram uma jarra e uma xícara e criança finge que está servindo e leva o medidor até a boca como se fosse tomar. Repete isso com os coleguinhas e até mesmo a professora. (BII)
O referencial estudado diz que não se deve obrigar uma criança a dormir e que o educador poderia ter, por exemplo, alguma atividade para as crianças que não querem dormir fazer, enquanto as outra dormem. Porém algo calmo e que não seja a brincadeira preferida da criança. Pois se for algo que ela goste, ele irá querer ficar sempre acordada para fazer aquilo que ela gosta tanto. Durante as observações feitas na Instituição não foi relatado em nenhuma das turmas algum segundo plano para aquelas crianças que não gostariam de dormir na hora de cesta, a não ser no Jardim I. Nesta turma a professora executa uma música relaxante e se alguma criança não quiser dormir é lhe oferecido livros, jogos ou filme no volume bem baixo para que não atrapalhe os demais.
A alimentação dessas faixas etárias é bem diferenciada. Cada dia da semana tem um cardápio diferente. No café da manhã as crianças costumas comer pão ou bolacha com leite. Nos lanches bolacha ou frutas. No almoço e na janta comem alguma coisa como, feijão, lentilha, massa, batata, arroz, aipim, carne e sempre tem o acompanhamento de saladas. As vezes bebem suco, as vezes bebem água.
Os cuidados pessoas da higiene já estão inclusos na rotina diária das crianças. Mas caso alguma criança queira ir ao banheiro ou assuar o nariz por exemplo e precisar a ajuda do professor ele estará sempre auxiliando. Troca-la
As combinações gerais das turmas e as regras estabelecidas com os alunos, são: não bater no colega, não xingar, não empurrar o colega, não chorar, não fazer birra, manter o silencio enquanto um fala, obedecer os professores, manter a sala organizada, dividir os brinquedos, respeitar os colegas, não falar palavão e entre outros.
Existe a aula de musicalização que é uma atividade extraclasse. A professora vai uma vez por semana à escola. Em uma quarta feira ela vai em todas as etapas creche e em outra quarta-feira vai em todas as etapas pré-escola.
A dinâmica de planejamento da titular é incentivar as crianças a se alimentar e a provar diferentes tipos de alimentos, incentivar as crianças a realizar a sua higiene pessoal de maneira que se sintam bem, receber e acolher as crianças e pais com carinho, escutar os pais, proporcionar momentos de aprendizagem agradáveis para as crianças.
A educação infantil envolve simultaneamente cuidar e educar. A relação da professora com os alunos é boa. E a relação entre o cuidar e educar também. Cuidar na maioria das vezes significa cuidar da higiene, sono e alimentação. As professoras procuram prover ambientes acolhedores, seguros e alegres. Em algumas instituições o educar se conhece por ensinar a ter disciplina, silencio e obediência. Já em outras se conhece por alfabetização e numeralização. No caso da Instituição, as duas coisas estavam presentes.
Em algumas turmas existem até três pessoas que cuidam das crianças: a titular e duas auxiliares (que muitas vezes só trabalham meio turno, ou seja, em outro turno terá outras duas diferentes auxiliares). E em algumas turmas só existiam duas professoras a titular e uma auxiliar, por conta de poucos alunos.
As funções são bem definidas, na rotina diária das crianças já está estabelecido o que cada professora fará com as crianças durante o dia. Para não ficar subcarregado para uma só.
A relação dos alunos entre si é boa. Durante as brincadeiras interagem, cada criança tem seu brinquedo preferido ou afinidade com alguma outra criança então normalmente brincam em tal espaço e/ou com tal criança, sendo assim dificilmente brincam isoladas. As vezes disputam os brinquedos, e nesse momento a professora soluciona o conflito pedindo para dividirem, brincarem juntos, ou deixa um tempo para uma criança brincar e depois outra.
Não tem como se dizer a realidade social de cada turma, pois a escola em si, já tem uma realidade social bem diversificada. Existem crianças com pais com ensino superior completo ou em curso. Como também tem crianças com pais que nem possuem o ensino fundamental e/ou médio completo. A maioria dos pais trabalha no ramo calçadista à procura de um futuro melhor para os seus filhos.
A música é algo presente na rotina diária das crianças da Instituição, tanto que tem aulas de musicalização. Todos os dias na roda da conversa e das combinações as turmas cantam alguma música. Em uma turma havia a caixa musical, onde cada aluno tirava uma fichinha onde nela havia um desenho que representasse alguma música infantil então eles cantavam todas as músicas. Em outra turma a professora pedia para as crianças que músicas queriam cantar. E em outras turmas a professora botava o rádio com cd infantil para as crianças dançarem, ou mesmo, na televisão.
Nem todas as turmas da instituição participavam diariamente do manuseio de livrinhos, mas pelo menos uma vez por semana sim. A contação de histórias estava presente diariamente no cotidiano das crianças. Essas práticas tem uma grande importância no desenvolvimento delas, para familiarizar-se com a escrita, escutar textos lidos apreciando a leitura feita pela professora, despertar o interesse pela leitura e também pela escrita e fazer com o aluno se expresse mais e melhor.
A Instituição não tem casos de inclusão. Porém tem alunos com dificuldade na comunicação (expressar-se), dificuldade de interação, de obediência (não respeita colegas, professores, rotina, fala palavrões...) problemas em administrar o comportamento, problemas na alfabetização e numeração. Mas até então nada diagnosticado.
Nas situações inesperadas o professor precisa estimular as crianças a valorizar o diálogo como forma de resolver conflitos, respeitar regras e combinações.
A interdisciplinaridade está presente no cotidiano das crianças. Um exemplo: Durante as observações feitas na Instituição estava acontecendo a Copa do Mundo. Foi relatado que em uma das turmas do Jardim a professora estava com um projeto de ensinar um pouco sobre cada país participante da copa. Nesse projeto ela pode incluir geografia (fazendo um mapa múndi bem grande com as crianças em um papel pardo), artes (na confecção de bandeiras com materiais recicláveis), história (história do país, falando sempre coisas significativas, que crianças daquela faixa etária fossem entender), culinária (fazer alguma comida típica do país, a do Japão por exemplo é o arroz, da Itália é massa), educação física (esportes típicos de cada país), numeralização (número de gols que fizeram por exemplo) e português (leitura de alguma lenda, ou história típica de certa região).

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Chapeuzinho Vermelho - Os irmão grimm

Houve, uma vez uma graciosa menina; quem a via ficava logo gostando dela, assim como ela gostava de todos; particularmente, amava a avozinha, que não sabia o que dar e o que fazer pela netinha. Certa vez, presenteou-a com um chapeuzinho de veludo vermelho e, porque lhe ficava muito bem, a menina não mais quis usar outro e acabou ficando com o apelido de Chapeuzinho Vermelho. Um dia, a mãe chamou-a e disse-lhe:
- Vem cá, Chapeuzinho Vermelho; aqui tens um pedaço de bolo e uma garrafa de vinho; leva tudo para a vovó; ela está doente e fraca e com isso se restabelecerá. Põe-te a caminho antes que o sol esquente muito e, quando fores, comporta-te direito; não saias do caminho, senão cais e quebras a garrafa e a vovó ficará sem nada. Quando entrares em seu quarto, não esqueças de dizer "bom-dia, vovó," ao invés de mexericar pelos cantos.
- Farei tudo direitinho, - disse Chapeuzinho Vermelho à mãe, e despediu-se.
A avó morava à beira da floresta, a uma meia hora mais ou menos de caminho da aldeia. Quando Chapeuzinho Vermelho chegou à floresta, encontrou o lobo; não sabendo, porém, que animal perverso era ele, não sentiu medo.
- Bom dia, Chapeuzinho Vermelho, - disse o lobo todo dengoso.
- Muito obrigada, lobo.
- Aonde vais, assim tão cedo, Chapeuzinho Vermelho?
- Vou à casa da vovó.
- E que levas aí nesse cestinho?
- Levo bolo e vinho. Assamos o bolo ontem, assim a vovó, que está adoentada e muito fraca, ficará contente, tendo com que se fortificar.
- Onde mora tua vovó, Chapeuzinho Vermelho?
- Mora a um bom quarto de hora daqui, na floresta, debaixo de três grandes carvalhos; a casa está cercada de nogueiras, acho que o sabes, - disse Chapeuzinho Vermelho.
Enquanto isso, o lobo ia pensando: "Esta meninazinha delicada é um quitute delicioso, certamente mais apetitosa que a avó; devo agir com esperteza para pegar as duas." Andou um trecho de caminho ao lado de Chapeuzinho Vermelho e foi insinuando:
- Olha, Chapeuzinho Vermelho, que lindas flores! Por quê não olhas ao redor de ti? Creio que nem sequer ouves o canto mavioso dos pássaros! Andas tão ensimesmada como se fosses para a escola, ao passo que é tão divertido tudo aqui na floresta!
Chapeuzinho Vermelho ergueu os olhos e, quando viu os raios do sol dançando por entre as árvores, e à sua volta a grande quantidade de lindas flores, pensou: "Se levar para a vovó um buquê viçoso, ela certamente ficará contente; é tão cedo ainda que chegarei bem a tempo." Saiu da estrada e penetrou na floresta em busca de flores. Tendo apanhado uma, achava que mais adiante encontraria outra mais bela e, assim, ia avançando e aprofundando-se cada vez mais pela floresta a dentro.
Enquanto isso, o lobo foi correndo à casa da vovó e bateu na porta.
- Quem está batendo? - perguntou a avó.
- Sou eu, Chapeuzinho Vermelho, trago vinho e bolo, abre-me.
- Levanta a taramela, - disse-lhe a avó; - estou muito fraca e não posso levantar-me da cama.
O lobo levantou a taramela, a porta escancarou-se e, sem dizer palavra, precipitou-se para a cama da avozinha e engoliu-a. Depois, vestiu a roupa e a touca dela; deitou-se na cama e fechou o cortinado.
Entretanto, Chapeuzinho Vermelho ficara correndo de um lado para outro a colher flores. Tendo colhido tantas que quase não podia carregar, lembrou-se da avó e foi correndo para a casa dela. Lá chegando, admirou-se de estar a porta escancarada; entrou e na sala teve uma impressão tão esquisita que pensou: "Oh, meu Deus, que medo tenho hoje! Das outras vezes, sentia-me tão bem aqui com a vovó!" Então disse alto:
- Bom dia, vovó! - mas ninguém respondeu.
Acercou-se da cama e abriu o cortinado: a vovó estava deitada, com a touca caida no rosto e tinha um aspecto muito esquisito.
- Oh, vovó, que orelhas tão grandes tens!
- São para melhor te ouvir.
- Oh, vovó, que olhos tão grandes tens
- São para melhor te ver.
- Oh, vovó, que mãos enormes tens!
- São para melhor te agarrar.
- Mas vovó, que boca medonha tens!
- É para melhor te devorar.
Dizendo isso, o lobo pulou da cama e engoliu a pobre Chapeuzinho Vermelho.
Tendo assim satisfeito o apetite, voltou para a cama, ferrou no sono e começou a roncar sonoramente. Justamente, nesse momento, ia passando em frente à casa o caçador, que ouvindo aquele ronco, pensou:
"Como ronca a velha Senhora! É melhor dar uma olhadela a ver se está se sentindo mal."
Entrou no quarto e aproximou-se da cama; ao ver o lobo, disse:
- Eis-te aqui, velho impenitente! Há muito tempo, venho-te procurando!
Quis dar-lhe um tiro, mas lembrou-se de que o lobo poderia ter comido a avó e que talvez ainda fosse possível salvá-la; então pegou uma tesoura e pôs-se a cortar- lhe a barriga, cuidadosamente, enquanto ele dormia. Após o segundo corte, viu brilhar o chapeuzinho vermelho e, após mais outros cortes, a menina pulou para fora, gritando:
- Ai que medo eu tive! Como estava escuro na barriga do lobo!
Em seguida, saiu também a vovó, ainda com vida, embora respirando com dificuldade. E Chapeuzinho Vermelho correu a buscar grandes pedras e com elas encheram a barriga do lobo. Quando este acordou e tentou fugir, as pedras pesavam tanto que deu um trambolhão e morreu.
Os três alegraram-se, imensamente, com isso. O caçador esfolou o lobo e levou a pele para casa; a vovó comeu o bolo e bebeu o vinho trazidos por Chapeuzinho Vermelho e logo sentiu-se completamente reanimada; enquanto isso, Chapeuzinho Vermelho dizia de si para si: "Nunca mais sairás da estrada para correr pela floresta, quando a mamãe to proibir!"



Contam mais, que, certa vez, Chapeuzinho Vermelho ia levando novamente um bolo para a vovozinha e outro lobo, surgindo à sua frente, tentou induzi-la a desviar-se do caminho. Chapeuzinho Vermelho, porém, não lhe deu ouvidos e seguiu o caminho bem direitinho, contando à avó que tinha encontrado o lobo, que este a cumprimentara, olhando-a com maus olhos.
- Se não estivéssemos na estrada pública, certamente me teria devorado!
- Entra depressa, - disse a vovó; - fechemos bem a porta para que ele não entre aqui!
Com efeito, mal fecharam a porta, o lobo bateu, dizendo:
- Abre, vovó, sou Chapeuzinho Vermelho; venho trazer-te o bolo.
Mas as duas ficaram bem quietinhas, sem dizer palavra e não abriram. Então o lobo pôs-se a girar em torno da casa e, por fim, pulou em cima do telhado e ficou esperando que Chapeuzinho Vermelho, à tarde, retomasse o caminho de volta para sua casa, aí então, ele a seguiria ocultamente para comê-la no escuro.
A vovó, porém, que estava de atalaia, percebeu o que a fera estava tramando.
Lembrou-se que, na frente da casa, havia uma gamela de pedra, e disse à menina:
- Chapeuzinho, vai buscar o balde da água em que cozinhei ontem as salsichas e traz aqui, para esta gamela.
Chapeuzinho Vermelho foi buscar a água e encheu a gamela. Então o cheiro de salsicha subiu ao nariz do lobo, que se pôs a farejar e a espiar para baixo de onde provinha. Mas tanto espichou o pescoço que perdeu o equilíbrio e começou a escorregar do telhado indo cair exatamente dentro da gamela, onde morreu afogado.
Assim, Chapeuzinho Vermelho pôde voltar felizmente para casa e muito alegre, porque ninguém lhe fez o menor mal.












Gostosuras e bobices - Fanny Abramovich




Tenho tanta coisa para falar sobre o livro que a única maneira que encontrei de fazê-lo é discorrendo sobre os diversos capítulos separadamante.

1. Ouvindo histórias:
Neste primeiro capítulo a autora discorre sobre os diversos aspectos de se contar uma história. Desde de como iniciá-la até como concluí-la, passando pelos jeitos diferentes de despertar o interesse de quem ouve.
Por contar histórias há muito tempo, percebi a importância de tudo que ela escreveu, e creio que este livro deveria se o primeiro que toda e qualquer pessoa que deseja enveredar pela arte da contação de histórias deveria ler.

2. Olhando histórias:
Fanny fala das possibilidades das histórias sem texto escrito. Achei importante esta abordagem pois a literatura pictográfica, na minha opinião, é um tipo de leitura pouco explorada pelos educadores. Ainda, nos raros casos em que vi alguém utilizando, foi apenas para reforçar a produção de textos nos anos iniciais e não para usufruir de tudo que um livro sem texto pode proporcionar.

3. Ilustrações:
Tenho percebido, ao longo dos anos, que a maioria dos professores não dá a devida importância às ilustrações dos livros, quando, novamente na minha opinião, deveria ser preocupação primeira, pois a maioria das crianças, especialmente as ainda não-alfabetizadas, têm sua primeira empatia com uma obra, através da capa. E, "lê" o livro, somente pelas ilustrações. Lembro que fazia muito isso quando era criança. A análise das características dos personagens através da ilustração, também não tem sido muito usada nas escolas. Foi a primeira vez que vi um autor falar do significado que as ilustrações podem trazer para uma leitura. Achei muito bom!

4. O humor na literatura infantil:
A autora aborda a criatividade usada para se fazer rir nas histórias infantis. Cita trechos de histórias onde os autores conseguem passar suas mensagens, sem preconceitos, estereótipos, sem serem bobos demais, óbvios demais, enfim, sem travas. Achei bastante inteligente.

5. Poesia para crianças:
Neste capítulo específico, Fanny fala, com muita propriedade, de todas as emoções que as poesias podem despertar. Com ou sem rima, curtas ou nem tanto, divertidas, tristes, saudosas, todos os tipos de poesia! Quem disse que criança não gosta de poesia???

6. Se inteirando de verdades:
É difícil eleger, entre tantos, um capítulo melhor. Mas este, para mim, foi o mais significativo.
Nele, a autora explica que a literatura para crianças, também pode ser informativa, por que não? e cita ótimos livros que falam sobre assuntos espinhosos: relações familiares, separação, crescimento pessoal, morte e até política. Afinal, os pequenos leitores podem ser crianças, mas não são seres desconectados do mundo. Pelo contrário. Não tenho outra palavra - maravilhoso.

7. Contos de fadas:
Confesso que sempre tive uma bronca enorme dos clássicos infantis. Sempre achei que neles, o papel da mulher sempre foi o de fraca, ingênua, dependente. O único que lembro onde é a menina que tem papel mais ativo, é em João e Maria, mas convenhamos, João estava preso! Por conta disso, acabei deixando-os, muitas vezes, em segundo plano.
Bem, admito que pretendo mudar de atitude. Fanny me convenceu. Neste capítulo ela conta, com muita maestria, sobre os aspectos abordados nos contos de fada. Explica que eles falam de medos, amor, das dificuldades de ser criança, carências, autodescobertas, perdas e buscas. Ainda, fala da importância de se passar para o pequeno leitor a história escrita originalmente, fugindo das versões modificadas, que, muitas vezes, desvirtuam a ideia inicial do próprio autor. Me rendi.

8. Apreciação crítica:
Importantíssimo! Como despertar no leitor mirim a criticidade? Adorei este capítulo! Gostei, especialmente, o que a autora fala sobre a horrível ideia que alguns professores têm de solicitar um resumo do livro ao final da leitura. Abaixo as fichas literárias! Gostei também, (nossa! gostei de tanta coisa) das dicas sobre como perceber o livro. Não o texto, mas o objeto-livro. Levar a criança a olhar para o objeto que segura e manifestar sua opinião sobre o que está vendo. Gosta? É bonito? Poderia ter outro formato? A editora caprichou? E os desenhos? Ensinar a ver as características, a qualidade, etc, etc etc... Show, Fanny! 

9. Formando bibliotecas:
Neste capítulo a autora dá ideias de como proceder para montar bibliotecas. Escolares ou particulares. Todas ótimas. Em minha cidade as bibliotecas escolares são realidade já há algum tempo. Mas confesso que vou utilizar algumas das suas ideias na minha casa. Tenho montes de livros infantis, bem ao alcance dos meus filhos, porém, não num espaço que possa ser considerado só deles, pessoal, que possam arrumar ou desarrumar ao seu gosto. Mudarei isso.

Não tem um só pedacinho deste livro que possa ser considerado desnecessário. 

Recomendo demais: para quem gosta de literatura infantil, para quem gosta de literatura em geral, para ilustradores, para quem gosta de criança, para educadores de todas as séries, para pais e até para quem não gosta de ler! acho provável que possa encontrar nele um motivo para começar a gostar!!

INCLUSÃO SOCIAL - UM DIREITO PARA TODOS

Trabalho de Comunicação, Educação e Tecnologia, apresentado ao curso de Pedagogia, proposto pelo professor Pedro Abreu na Universidade U...